quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

=> A relação entre as arboviroses e as complicações neurológicas


Os arbovírus podem causar quadros de meningite, encefalite, mielite, problemas nos nervos periféricos e nos músculos entre outros

Ainda longe de acabar, o verão 2019 só dará adeus aos amantes da temporada no dia 20 de março. Mas o que para alguns é motivo de festa, descanso e descontração, para a maioria oferece preocupação. É que a estação mais quente do ano traz, além das altas temperaturas, a proliferação do Aedes Aegypti, mosquito que carrega o status de vilão, por ser o responsável pela transmissão das arboviroses (Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela).

O aumento do calor associado à incidência de chuvas e ao armazenamento inadequado da água sem a devida proteção cria o cenário perfeito para o mosquito que tem hábitos oportunistas de se reproduzir com mais velocidade. Segundo estudos da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante sua vida. Outra informação pertinente é a de que os ovos podem resistir a 450 dias após sua postura no meio ambiente; em condições ambientais propícias, após a eclosão, são necessários apenas 10 dias para o desenvolvimento da larva até a forma adulta.

Todo este cenário é vivenciado ano após ano em diversos locais do Brasil, em especial no Nordeste, região mais afetada pelas arboviroses no último surto registrado. Só em Pernambuco, em 2015, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram confirmados 272 casos de microcefalia, problema neurológico no qual a criança possui a massa cefálica e o crânio reduzidos, causado pelo Zika Vírus.

Tendo em vista todos os agravamentos possíveis que podem ser provocados pelas arboviroses, conter o surgimento do vetor e promover a conscientização da população são sempre as melhores saídas para evitar tais complicações e novos surtos. Essas enfermidades, além de incapacitantes, trazem consigo o risco de ocasionar complicações neurológicas no paciente desde o início, com manifestações imprevisíveis e muitas vezes irreversíveis.

O neurologista Paulo Henrique Fonseca alerta para os principais sintomas de cada uma das arboviroses e pondera a importância do diagnóstico correto para o tratamento devido, a fim de minimizar as sequelas. “Embora o vírus da Zika se manifeste de maneira mais branda, um sintoma marcante que a difere das demais são as manchas associadas à coceira, que podem causar inclusive dificuldade para dormir, tendo em vista a intensidade do pruído. Já a Chikungunya tem como principal manifestação as dores nas articulações, principalmente nas palmas dos pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos. A Dengue clássica por sua vez, traz como principal manifestação a febre alta acompanhada de intensas dores de cabeça e nos olhos, fadiga, dor muscular e óssea”, explica.

A cefaleia, a meningite viral, a encefalite (inchaço e inflamação do cérebro), a mielite (inflamação da medula espinhal), e a miosite (inflamação de todo o eixo do sistema nervoso, do cérebro, da medula, dos nervos e dos músculos) são algumas das complicações neurológicas que podem se apresentar em quadros de arboviroses. Tais quadros podem levar a sequelas irreversíveis, como o estado vegetativo, não voltar a andar, a enxergar, inclusive casos de óbito.

Daí a importância do correto diagnóstico, pois a partir dele o tratamento adequado é realizado de forma mais rápida e com mais possibilidades de efeitos positivos. Quando o paciente desenvolve o quadro clínico habitual, faz-se tratamentos para o sintoma que mais chama a atenção. Para cada complicação neurológica, existe um conjunto de medidas a serem tomadas. “Em casos mais agravados envolvemos fisioterapia e terapia multidisciplinar de reabilitação”, complementa o neurologista.

Cenário em Caruaru – Em 2018, Caruaru confirmou 168 casos de dengue, 5 de Chikungunya e 1 de Zika. Este ano, até o momento foi confirmado 1 caso de dengue e 2 de Chikungunya. 


Fonte / Texto: Cláudio Rodrigues - Dupla Comunicação

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