quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

=> Saiba quem não deve tomar vacina contra a febre amarela e como se proteger

Infectologista da Maternidade da Pro Matre Paulista dá dicas para quem não pode se vacinar contra a doença, além de recomendações importantes para mulheres e gestantes

Por conta dos casos de febre amarela no Brasil, o Ministério da Saúde está realizando uma campanha de vacinação com o intuito de imunizar cerca de 21 milhões de pessoas nos estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Com tantas informações e novidades sobre o vírus, a população tem muitas dúvidas sobre em quais casos a vacina é contraindicada e, em tais situações, o que fazer para se proteger dos mosquitos que a transmitem.

O infectologista da Maternidade Pro Matre Paulista, doutor Lívio Dias, dá algumas recomendações gerais para as pessoas que não podem se vacinar contra febre amarela, sendo que nestes grupos, se encaixam gestantes, bebês menores de seis meses de idade, mulheres que amamentam bebês com essa faixa etária, e ainda pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras, com neoplasia, submetidos a transplante de órgãos, com imunodeficiência primária, infectados pelo HIV com imunossupressão grave e com história pregressa de doenças do timo.

Veja abaixo, dicas gerais do especialista para essa parte da população, além de informações importantes para mães e gestantes sobre a doença:

-> Quais as dicas para as pessoas que não podem tomar a vacina?
Usar roupas claras e compridas, evitar usar perfumes, pois podem atrair o mosquito, usar repelentes, evitar visitar as áreas de risco e sempre fechar janelas e portas, principalmente se a pessoa morar em uma área com ocorrência de casos de febre amarela. No caso de bebês com menos de dois meses, quando o uso de repelente não é indicado, a recomendação é usar um mosquiteiro em volta do berço e manter o ambiente fechado e fresco.

-> Se a mãe mora em uma área de risco, o bebê pode ser vacinado logo ao nascer?
Não há recomendação de vacinação em recém-nascidos e alguns estudos demonstram que a vacinação em menores de seis meses está relacionada a uma maior chance de complicações, além de pior resposta protetora da vacina. A vacina está indicada a partir de nove meses de vida e, em situações especiais, pode ser indicada para bebês a partir dos seis meses.

É importante ressaltar que mães vacinadas mesmo antes do início da gestação, passam anticorpos, que são um tipo de defesa natural para o feto através da placenta. Esses anticorpos conferem certa proteção ao bebê nos primeiros meses de vida.

Nas crianças menores, que não podem ser vacinadas, é especialmente importante manter medidas preventivas contra as picadas de insetos, como o uso de roupas compridas e claras, uso de repelentes (ver recomendação do fabricante), manter portas e janelas fechadas, uso de mosquiteiros e evitar regiões de mata onde está ocorrendo a circulação do vírus.

-> As gestantes não devem se vacinar em nenhuma situação?
Usualmente as gestantes não devem ser vacinadas para a febre amarela. Em situações especiais de risco, que deverão ser avaliadas individualmente, a vacina pode ser indicada para gestantes. Vale reforçar que as medidas protetoras acima citadas contra a picada do mosquito transmissor deverão ser utilizadas, particularmente, por aqueles com impossibilidade de receber a vacina.

-> Se a mulher se vacinou e não sabia que estava grávida, quais os riscos que ela corre e o que deve fazer?
Ainda que não recomendada na rotina para mulheres grávidas, quando utilizada na gestação, a vacina não demonstrou correlação com malformações do bebê e nem maior risco de abortamento. Caso tenha recebido a vacina inadvertidamente durante a gestação, o ideal é informar ao médico para que ele faça um acompanhamento adequado.

-> Na amamentação, qual a recomendação em relação à vacina para febre amarela?
Mães amamentando bebês com menos de seis meses de vida, como regra geral, não devem ser vacinadas. Porém, aquelas que vivem ou necessitam circular em áreas de risco, poderão ter que se vacinar. Nessa situação, a amamentação deverá ser interrompida por dez dias após a aplicação da vacina. Mães que amamentam bebês maiores de seis meses não necessitam interromper o aleitamento, caso recebam a vacina.

-> Qual a diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre?
Do ponto de vista dos sinais, sintomas e do vírus causador, trata-se da mesma doença. O que as difere é a forma de circulação e o mosquito transmissor. No ciclo urbano o Aedes aegypti é o principal mosquito vetor. No ciclo silvestre, a febre amarela é transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Com a introdução da vacina em 1937 e com grandes campanhas de erradicação do vetor, conseguiu-se o controle e a eliminação da doença de ciclo urbano, sendo os últimos casos registrados no Acre em 1942.


TEXTO: Bruna Sales - Máquina Cohn & Wolfe 

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